quarta-feira, 22 de julho de 2015

Apresentações de Trabalhos e Conferência Internacional foram os destaques do segundo dia do II Copene Sul


A tarde do dia 22 foi preenchida por apresentações de trabalhos acerca de temas como religiosidade, memória e identidade negra, literatura, estética, segregação racial e criminologia, entre vários outros. Cerca de 250 trabalhos foram selecionados para as apresentações e divididos de acordo com os temas abordados em 17 Grupos de Trabalhos (GTs). A série de apresentações tem continuidade no dia 23.

Simultaneamente aos GTs, aconteceu a mostra de dois documentários produzidos na região sul do país que exploram a heranças da cultura africana no cotidiano das comunidades quilombolas: “Terra – Comunidade Quilombola Paiol de Telha”, produzido pelos alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Campo Real, e “Nas Margens do Riso: Quilombos de Alegria e Luta”, dirigido por Pedro Krum. Em seguida, houve um debate sobre a necessidade de difusão da história e cultura negras e aproximação entre produção cultural e jovens quilombolas.
 
A programação teve sequência com o lançamento de livros e produção de trançados e  turbantes em voluntários. Logo em seguida, teve início a segunda conferência da programação. O tema “A mudança de paradigma de concepções equivocadas sobre a ‘improdutividade’ da África para o status de liderança transformadora de África: Implicações para Pesquisa” foi exposto pela Dra. Therese M. S. Tchombe, docente da Universidade de Buéa, de Camarões, que veio ao Brasil para o II Copene.
 
Na conferência realizada no Teatro da Reitoria, Dra. Therese M. S. Tchombe argumentou a importância da história e da cultura africana negra, e citou que muitas descobertas na ciência, medicina, arquitetura, geografia, e muito mais, aconteceram na África, mas esse legado africano não tem visibilidade na história mundial e não está no nosso sistema educacional. Tchombe também enfatizou e relevância pedagógica e histórica da tradição oral, relação com o meio ambiente, provérbios, músicas, jogos, artes. A Doutora falou também sobre o sistema de educação tradicional africano e concluiu sua palestra dizendo: “A África precisa de um novo tipo de educação que está enraizada na filosofia tradicional africana e educação indígena para alimentar o desenvolvimento também do empreendedorismo africano”. Ao final da conferência, na entrada do Teatro da Reitoria,  aconteceu  o “Espaço Ori” (trançados e turbantes). Durante todos os dias do congresso, os participantes podem fazer penteados com trançadeiros e trançadeiras, mediante o agendamento com a monitoria responsável pelo evento.

O encerramento do  segundo dia contou com apresentações culturais, como “Vozes da Voz”, que consiste em um trabalho coreográfico onde estão presentes questionamentos acerca da construção da identidade dos artistas. A combinação das músicas com a dança e a interpretação emocionaram a plateia nos solos “Recordações” e “Descompasso de Assis” e no duo “Último contato”.

A cantora Janine Mathias entrou no palco do Teatro da Reitoria para fazer a leitura da homenagem do II Copene Sul para a Yá Mukumby, Dona Vilma Santos de Oliveira, que foi covardemente assassinada em uma chacina ocorrida no dia 3 de agosto de 2013, em sua casa, na zona oeste de Londrina. Mukumby foi uma das mães de santo do Candomblé mais conhecidas do Paraná e uma personalidade de grande importância na história política do Movimento Negro de Londrina, tornando-se um símbolo nas lutas por políticas afirmativas, liberdade e igualdade para a população negra daquela cidade. Dona Vilma presidiu o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Londrina e ajudou a implantar o sistema de cotas raciais para negros junto à Universidade Estadual de Londrina (UEL). Suas lutas contra a discriminação e pela preservação das tradições ancestrais africanas contribuíram para conquistas significativas em prol dos afrodescendentes. 

Após a homenagem, a cantora  fez a abertura do seu show destacando a importância do congresso e lembrou que ela, assim como muitos participantes do evento, faz parte de uma geração que foi sonhada pelos ancestrais africanos. E agradeceu a todos que dedicam suas vidas para o empoderamento negro.  Fechando a noite com o show de divulgação de seu trabalho,  animou os participantes do evento e fez o público levantar e dançar. 


Redação: Fábrica de Comunicação

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